sábado, 26 de março de 2016

A VITÓRIA DA CRUZ. Meditação sobre o Sábado Santo.

A VITÓRIA DA CRUZ

SÁBADO SANTO

“Ó Jesus crucificado por meu amor, descobri-me a vitória obtida pela Vossa morte.”

1— Apenas Jesus deu o último suspiro «o véu do templo rasgou-se... a terra tremeu e partiram-se as pedras, abriram-se as sepulturas e muitos corpos... ressuscitaram», de tal maneira que os presentes «tiveram grande medo e diziam; na verdade ·este era o Filho de Deus»(Mt. 27, 51-54).
Jesus quis morrer na ignomínia mais completa, aceitando até ao fim os escárnios e os irônicos desafios dos soldados: «Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo» (Lc. 23, 39). Mas logo que Jesus expirou, a Sua divindade manifestou-se de forma tão poderosa que se impôs mesmo aos que até àquele momento tinham troçado d’Ele. A morte de Cristo começa agora a manifestar-se tal qual é na realidade: não uma derrota, mas uma vitória, a maior vitória que o mundo conhece: vitória sobre o pecado, vitória sobre a morte, consequência do pecado, vitória que dá aos homens a vida da graça.

Ontem, apresentando a cruz à nossa adoração, a Igreja cantava: «Eis o madeiro da Cruz do qual esteve suspensa a salvação do mundo!» E depois do triste alternar dos impropérios, entoava um hino em louvor da cruz:

«Canta, ó língua, o glorioso combate, celebra o nobre triunfo sobre a cruz, pelo qual o Redentor do mundo venceu morrendo».


Deste modo, a consideração e a compaixão dos sofrimentos do Senhor alterna com hino de vitória. Morte e vida, morte e Vitória, são termo contraditórios entre si, todavia vemos que em
Jesus estão tão estreitamente unidos que o primeiro foi a causa do segundo. São João da Cruz, depois de ter descrito a agonia de Jesus na cruz, afirma:

«E nela fez maior obra que em toda a Sua vida tinha feito com milagres e obras, quer na terra quer no céu, que foi reconciliar e unir o gênero humano, pela graça, com Deus. E isto foi no dia e na hora em que este Senhor esteve mais aniquilado em tudo; a saber: quanto à reputação dos homens, porque, como O viam morrer, antes faziam escárnio do que O estimavam; quanto à natureza, pois nela Se aniquilava, morrendo; e quanto ao amparo e consolo espiritual do Pai, pois naquela altura O desamparou».


E conclui:

«Para que o bom espiritual entenda o mistério da porta e do caminho de Cristo para se unir a Deus, e saiba que quanto mais se aniquilar por Deus... tanto mais se une a Deus e maior obra faz». (S. II, 7, 11).


2— «Em paz durmo e descanso; assim começam as Matinas do Sábado Santo, aludindo à paz do sepulcro, onde depois de tantos tormentos, descansa o Corpo santíssimo de Jesus. De facto o dia de hoje é o mais indicado para nos recolhermos no silêncio e na oração junto do sepulcro do Senhor.

Depois da morte de Jesus, aterrorizados pelo terramoto e pelas trevas, todos tinham abandonado o Calvário, exceto o grupo dos mais fiéis: Maria Santíssima e João que nunca se tinham afastado da cruz, Maria Madalena e outras piedosas mulheres, «que tinham seguido Jesus desde a Galileia subministrando-lhe o necessário» (Mt. 27, 55).


O Senhor expirou já, mas eles não podem separar-se do Mestre adorado, objeto de
todo o seu amor e de todas as suas esperanças. O que os detém irresistivelmente junto daquele Corpo desfalecido é o seu amor. Tal é a ·característica da verdadeira fidelidade: perseverar mesmo nos momentos mais obscuros e difíceis quando tudo parece estar perdido, quando o amigo, em vez de triunfar, fica reduzido ao fracasso e à mais profunda humilhação. Ser fiéis a Deus quando
tudo corre bem, quando a Sua causa triunfa, é fácil, mas ser fiéis na hora das trevas, quando Ele permite a vitória momentânea do mal, quando nos parece que tudo o que era bom e santo está irremediavelmente arruinado e submerso, é duro e é a prova mais certa de um verdadeiro amor.
Entretanto, dois discípulos, José de Arimatéia e Nicodemos, encarregaram-se da sepultura: o sagrado Corpo é descido da cruz, envolvido num lençol com aromas e depois depositado no «sepulcro novo» que José tinha aberto numa rocha (Mt. 27, 60).


Em união com a Virgem que sem dúvida esteve presente à cena para receberem Seus braços o martirizado Corpo do Seu divino Filho, aproximemo-nos também nós daqueles sagrados despojos; fixemos uma vez mais o nosso olhar naquelas chagas, naquelas feridas, naquele Sangue que tão eloquentemente nos falam do amor infinito de Jesus para conosco. É verdade que essas chagas já não são dolorosas, mas sim gloriosas, e que amanhã, com a Páscoa, celebraremos a grande vitória que elas obtiveram; apesar de glorificadas, aquelas chagas são e serão eternamente
o sinal indelével da caridade excessiva com que Cristo nos amou.

Que o Sábado Santo, dia de transição entre as angústias de Sexta-feira Santa e a glória da Ressurreição, seja um dia de recolhimento e oração junto do Corpo inanimado de Jesus: abramos o nosso coração, purifiquemo-lo no Seu Sangue para que, todo renovado no amor e na pureza, possa rivalizar com o «sepulcro novo» e nele oferecer um lugar de paz e de repouso ao Mestre tão amado.




Colóquio:

«Ave, ó Cruz, nossa única esperança!

Tu aumentas a graça aos justos e perdoas as culpas aos pecadores. Ó Arvore gloriosa e refulgente, adornada com a púrpura do Rei, nos teus braços esteve suspenso o preço da nossa Redenção, em ti está a nossa vitória e o nosso resgate» (cfr. BR.).

«Ó Cristo, mais uma vez fixo o meu olhar no Vosso rosto esvaído e, não sem lágrimas, levanto os meus olhos para as Vossas chagas e para as Vossas feridas, não sem comoção elevo o meu coração contrito e considero quantas tribulações encontrastes, para me procurardes, para me salvardes.

«Ó bom Jesus, com quanta liberalidade nos destes, sobre a cruz, tudo o que tínheis! Aos que Vos crucificaram, destes a Vossa oração afetuosa, ao ladrão o Paraíso, à Mãe o filho, o filho à Mãe, aos mortos a vida, às mãos do Pai a Vossa alma; oferecestes a todo o mundo um sinal do Vosso poder e para remir o escravo destes não algumas gotas, mas todo o Vosso Sangue, aquele Sangue que corria de tantas e tão profundas feridas... ó suavíssimo Senhor e Salvador do mundo, como Vos agradecerei dignamente?


«Ó bom Jesus, Vós inclinais a cabeça coroada, trespassada por muitos espinhos, convidando-me ao beijo da paz e pareceis dizer-me: 'Eis como estou desfigurado, dilacerado, morto. Sabes porquê? Ó ovelha perdida, para te tomar e reconduzir aos pastos celestiais do Paraíso. Paga-me com a mesma moeda... Contempla-me na minha Paixão. Ama-me. Eu dei-me a Ti, dá-te Tu a mim... Ó Senhor, enternecido à vista das Vossas chagas, quero que reineis sobre mim, dolorido como Vos vejo; quero colocar-Vos como um selo sobre o meu coração e como um sinal no meu braço, a fim de me conformar conVosco e com o Vosso martírio em todos os pensamentos do meu coração e em todas as obras do meu braço.



«Ó dulcíssimo e bom Jesus! Já que Vos destes por nós como preço de resgate, concedei-nos, ainda que não sejamos dignos de tanto valor, que nos submetamos à Vossa graça, inteiramente, perfeitamente e em tudo»
(cf r. S. Boaventura) .

sexta-feira, 25 de março de 2016

O MISTÉRIO DA CRUZ. Meditação sobre a Sexta feira da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O MISTÉRIO DA CRUZ

SEXTA-FEIRA SANTA

“Ó meu Deus permiti-me penetrar conVosco na espessura do mistério da cruz”

            1 — O dia de Sexta-feira Santa, mais que qualquer outro, convida-nos a penetrar profundamente na «espessura dos trabalhos e dores do filho de Deus» (cfr. J.C.C. 36, 12), não só com a consideração teórica da mente, mas ainda mais com a disposição prática da vontade
de abraçar de bom grado o sofrimento para nos associarmos e assemelharmos ao Crucificado. Sofrendo com Ele, compreenderemos melhor os Seus sofrimentos, entenderemos melhor o Seu amor por nós, «porque o mais puro padecer traz mais íntimo e puro entender» (ib, 36,
12) e «ninguém sente mais profundamente em seu coração a Paixão de Cristo do que quem já sofreu alguma coisa parecida» (Imit. II, 12, 4).

Acompanhemos o Senhor com estas disposições no último dia da Sua vida terrena.

            O martírio atroz que dentro de poucas horas despedaçará o Seu Corpo, ainda não começou, e contudo, a agonia de Jesus no Jardim das Oliveiras, assinala um dos momentos mais dolorosos da Sua Paixão e mais reveladores das acerbíssimas penas do Seu espírito. A Sua santíssima Alma está imersa numa indizível angústia, é o abandono e a desolação extrema, sem o menor conforto nem de Deus nem dos homens. O Salvador sente sobre Si o peso enorme de todos os pecados da humanidade. Ele, inocentíssimo, vê-Se coberto dos mais execrandos delitos, tornado como que inimigo de Deus, objeto da Sua justiça infinita que n’Ele punirá todas as nossas iniquidades. Enquanto Deus, Jesus nunca deixou de estar unido ao Pai, ainda nos momentos mais dolorosos da Sua Paixão, mas enquanto homem sentiu-Se como que abandonado por Ele, «ferido por Deus e humilhado» (Is. 53, 4). Isto explica o íntimo drama do Seu espírito —drama muito mais doloroso que os terríveis sofrimentos físicos que O esperam— a cruel agonia que Lhe fez suar sangue, e ainda a Sua queixa:

«A Minha alma está numa tristeza mortal» (Mt. 26, 38).

            Se antes havia desejado ardentemente a Paixão, agora, que a Sua humanidade se encontra diante da dura realidade do facto, privada do socorro sensível da Divindade, a qual parece não só retirar-Se, mas indignar-Se contra Ele, Jesus geme:
«Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice!»
Mas o grito angustioso da natureza humana perde-se imediatamente no da perfeita conformidade da vontade de Cristo com a vontade do Pai:

«Todavia não como eu quero, mas sim como Tu queres» (ib. 26, 39).

2 —  A agonia do horto segue-se o beijo traidor de Judas, a prisão, a noite decorrida entre os interrogatórios dos sacerdotes e os insultos dos soldados, que Lhe dão bofetadas, que Lhe cospem no rosto, que Lhe tapam os olhos, enquanto lá fora, no átrio, Pedro O nega.

Ao amanhecer recomeçam os interrogatórios e as acusações, depois principiam as idas de um tribunal para outro: de Caifás para Pilatos, de Pilatos para Herodes, de Herodes outra vez para Pilatos; em seguida a horrível flagelação e coroação de espinhos; finalmente, vestido como rei de comédia, o Filho de Deus é apresentado à multidão que grita:

«Faze morrer este e solta-nos Barrabás»; a população pede a grandes vozes:

«Crucifica-O, crucifica-O!» (Lc. 23, 18-21).

Carregado com o madeiro do suplício, Jesus é arrastado até ao Calvário e crucificado entre dois ladrões. Estas dores físicas e morais atingem tal intensidade que o Senhor, agonizando sobre a cruz, lança um grito de desolação:

«Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?» (Mt. 27, 46).

Estamos novamente em presença do drama intimo que dilacera a alma de Cristo e acompanha, num rápido crescendo, a intensificação dos Seus sofrimentos físicos. No discurso da última Ceia, falando Jesus da Sua próxima Paixão, dissera aos Apóstolos:

«Eis que vem a hora em que sereis espalhados... e em que me deixareis só, mas eu não estou só, porque o Pai está comigo» (Jo. 16, 32).

A união com o Pai é tudo para Jesus: é a Sua vida, a Sua força, o Seu conforto e a Sua
alegria; se os homens O abandonam, o Pai está sempre com Ele e isso Lhe basta. Por isso podemos compreender melhor a intensidade do Seu sofrimento quando, durante a Paixão, o Pai Se retira d’Ele. No entanto, na Sua agonia e na Sua morte de cruz, Jesus é sempre Deus e como tal está sempre indissoluvelmente unido ao Pai.
Mas Ele quis tomar sobre Si a pesada carga dos nossos pecados e estes erguem-se como uma barreira de divisão moral entre Ele e o Pai. A Sua Humanidade, conquanto unida pessoalmente ao Verbo, está privada, por um milagre, de toda a consolação e apoio divinos; sente, pelo contrário, pesar sobre Si a maldição devida ao pecado:

«Cristo —diz S. Paulo—  remiu-nos da maldição... feito maldição por nós
» (Gál. 3, 13).

Chegamos ao mais profundo da Paixão de Jesus, às amarguras que Ele abraçou pela nossa salvação. E contudo, mesmo no meio de tão cruéis tormentos, a queixa de Jesus harmoniza-se com a expressão do abandono total:
«Pai, nas Vossas mãos encomendo o meu espírito» (Lc. 23, 46).
Deste modo Jesus, que quis saborear até ao fundo corno é amargo para o homem sofrer e morrer, ensina-nos a superar e dominar as inquietações e angústias produzidas pela dor e pela morte com atos de plena submissão à vontade de Deus e de confiante abandono nas Suas mãos.




Colóquio:

 «Ó Cristo, Filho de Deus contemplando a dor imensa que suportastes por nós sobre a cruz, parece ouvir-Vos dizer à minha alma: Não foi por engano que te amei! Estas palavras abrem os meus olhos e vejo claramente tudo quanto fizestes por mim, em virtude deste amor. Vejo quanto sofrestes na vida e na morte, ó amantíssimo Homem-Deus por causa deste amor profundo e invencível Sim, ó Senhor, Vós não me amastes por engano, mas com um amor perfeitíssimo e verdadeiro. E em mim vejo o contrário, pois amo-Vos com tibieza c sem vontade, e conhecê-lo é para mim uma pena insuportável.

«Ó Mestre, Vós amastes-me sem engano; eu, ao contrário, pecadora, nunca Vos amei senão com um amor imperfeito. Nunca quis ouvir falar das dores que Vós sofrestes voluntariamente na cruz e por isso Vos servi com negligência e sem verdade.

«O Vosso amor, Deus meu, acende em mim um desejo ardente de não querer fazer nada que seja ofensa Vossa, de querer abraçar a dor e o desprezo que Vós suportastes, de ter constantemente fixa na mente a Vossa Paixão e morte, na qual está a nossa verdadeira salvação e a nossa vida.

«Ó Senhor, ó Mestre e Médico eterno, o Vosso Sangue é o remédio que nos ofereceis gratuitamente para curar as nossas almas e ao passo que a Vós Vos custou a dolosíssima Paixão e a Morte da cruz, a mim não me custou nada, senão dispor-me a recebê-lo: e Vós imediatamente mo dais e curais todas as minhas enfermidades. ó meu Deus, já que estais disposto a libertar-me e a curar-me contanto que eu Vos mostre com lágrimas e arrependimento os meus males e as minhas enfermidades; Senhor, já que a minha alma está enferma, eis que Vos mostro os meus pecados e as minhas desgraças. Não pode haver pecado nem doença da
alma e do espírito a que Vós não tenhais dado remédio suficiente e não tenhais satisfeito com a Vossa morte!

«Por isso toda a minha saúde e a minha alegria estão em Vós, ó Cristo crucificado; onde quer que me encontre não quero jamais tirar o meu olhar da Vossa cruz»
(B. Ângela de Foligno).



quinta-feira, 24 de março de 2016

O DOM DO AMOR. Meditação sobre a quinta feira Santa.

†O DOM DO AMOR†

QUINTA-FEIRA SANTA


“Concedei-me, ó Jesus, a graça de penetrar na imensidade
daquele amor que Vos levou a dar-nos a Eucaristia”

1  ─  «Tendo Jesus amado os Seus... amou-os até ao fim» (Jo. 13, 1-15) e nas últimas horas passadas entre os Seus quis dar-lhes a prova máxima do Seu amor.

Foram horas de doce intimidade, mas também de penosíssima angústia: Judas já tinha combinado o preço da venda infame; Pedro vai nega-lO, todos O abandonarão dentro de breves instantes. A instituição da Eucaristia aparece assim como a resposta de Jesus à traição dos homens, como o dom máximo do Seu amor infinito em troca da máxima ingratidão: é o Deus misericordioso que persegue a criatura rebelde, não com ameaças, mas com as mais delicadas invenções da Sua imensa caridade. Jesus já tinha feito e sofrido tanto pelo homem pecador e eis que no momento em que a malícia humana vai atingir o fundo do abismo, Ele, esgotando os recursos do Seu amor, oferece-Se ao homem não só como Redentor, que morrerá por ele na cruz, mas também como alimento que o nutrirá com a Sua Carne e com o Seu Sangue. Ainda que a morte, dentro de poucas horas, O arrebate da terra, a Eucaristia perpetuará a Sua presença viva e real até à consumação dos tempos.

«Ó louco de amor pelas criaturas! ─ exclama Santa Catarina de Sena ─ tudo quanto tendes de Deus e tudo quanto tendes de homem no-lo deixastes em alimento para que, enquanto somos peregrinos nesta vida, não desfaleçamos de fadiga, mas sejamos fortificados por Vós, ó alimento celestial».

A Missa de hoje é, de um modo muito particular, a comemoração e a renovação da última Ceia, na qual todos somos chamados a participar. Entremos na Igreja e coloquemo-nos em torno do Altar, como se entrássemos no cenáculo e estivéssemos reunidos à volta de Jesus. Aqui, como os Apóstolos em Jerusalém, encontramos o Mestre vivo no meio de nós e Ele próprio na pessoa do Seu ministro, renovará mais uma vez o grande milagre que muda o pão e o vinho no Seu Corpo e no Seu Sangue, dizendo-nos depois:

«Tomai e comei... tomai e bebei».

Pensemos que foi o próprio Jesus que cuidou dos preparativos para a última ceia e para isso quis escolher «Uma grande sala» (Lc. 22, 12), encarregando os Apóstolos de a adornarem convenientemente. Também o nosso coração tem de ser um «grande» cenáculo, tornado espaçoso e dilatado pelo amor, para que Jesus nele possa celebrar dignamente a Sua Páscoa.

2  ─  Na última Ceia Jesus deixa-nos, juntamente com o Sacramento do amor, o testamento do amor.

Testamento vivo e concreto do Seu admirável exemplo de humildade e caridade, no lava pés, testamento oral no anúncio do Seu «mandamento novo». O Evangelho da
Missa de hoje apresenta-nos Jesus lavando os pés aos Apóstolos e termina com estas palavras:

«Dei-vos o exemplo para que, como vos fiz, assim façais vós também».


É um convite urgente à caridade fraterna, que deve ser o fruto da nossa união com Jesus, o fruto da nossa Comunhão eucarística. Ele disse expressamente na última Ceia:

«Dou-vos um mandamento novo: que assim como eu vos amei, vos ameis também uns aos outros» (Jo. 13, 34).

Se não podemos imitar o amor de Jesus até dar o nosso corpo em alimento aos irmãos,
podemos imitá-lo dando-lhes a nossa assistência amorosa, não só nas coisas fáceis, mas também nas difíceis e repugnantes. O Mestre, lavando os pés aos Seus Apóstolos, ensina-nos até onde devemos baixar-nos para prestar serviço ao nosso próximo, mesmo o mais humilde e desprezível.

O Mestre que, com contínuos testemunhos de amor, vai ao encontro dos homens ingratos e dos Seus traidores, ensina-nos que a nossa caridade não é semelhante à Sua, se não sabemos pagar o mal com o bem, se não sabemos perdoar tudo, chegando a fazer bem a quem nos faz mal.

Dando a vida pela salvação dos Seus, o Mestre diz-nos que o nosso amor não é perfeito se não sabemos sacrificar-nos generosamente pelo outros. O Seu «mandamento novo» que propõe o amor de Jesus como medida do nosso amor fraterno, abre vastos horizontes ao exercício da caridade. Trata-se de uma caridade que não tem limites. Se há um limite, é o de dar, como o Mestre, a vida pelos outros, porque «ninguém tem maior amor do que aquele que dá a
sua vida por seus amigos»
(Jo. 15, 13).

Jesus inculca-nos a perfeição da caridade fraterna na própria noite em que institui a Eucaristia porque quer ensinar-nos que a perfeição da caridade deve ser, ao mesmo tempo, o fruto do sacramento eucarístico e a nossa resposta a este imenso dom.





Colóquio:

«Ó Senhor, Senhor! A casa da minha alma é pequena e estreita para que venhais a ela: alargai-a Vós. Está em ruínas: restaurai-a Vós. Há nela coisas que ofendem os Vossos olhos: sei-o e confesso-o.
Mas quem poderá limpá-la? A quem senão a Vós poderei dizer: limpai-me, Senhor, dos pecados ocultos?»
(Santo Agostinho)

«Ó bom Jesus, para nos dardes ânimo e nos exercitardes no amor, Vos determinastes a ficar conosco, embora prevísseis a sorte que teríeis entre os homens, as desonras e ultrajes que deveríeis sofrer. Ó eterno Pai, como quisestes consentir que o Vosso Filho ficasse entre nós a padecer de novo cada dia?

Valha-me Deus, que grande amor o do Filho e que grande amor o do Pai!

«Ó Eterno Pai, como quereis ver cada dia o Vosso Filho em tão ruins mãos? Como pode a Vossa piedade cada dia ─sim, digo cada dia─ ver as injúrias que Lhe fazem? E quantas não se fazem hoje a este Santíssimo Sacramento! Em quantas mãos inimigas não O haveis de ver!

«Ó Pai Eterno, olhai que não são para olvidar tantos açoites e injúrias e tão gravíssimos tormentos que o Vosso Filho sofreu durante a Sua vida terrena. Será preciso que faça ainda mais para Vos contentar? Não fez Ele já tudo? Não tinha Ele já pago bastante pelo pecado de Adão?

«Ó Pai Santo que estais nos céus, se o Vosso Filho não deixou de nos dar a nós, pobres pecadores, um dom tão grande como a Santíssima Eucaristia, não permitais, ó misericordiosíssimo Senhor que seja tão mal tratado! Ele deixou-Se ficar entre nós de um modo tão admirável que podemos oferece-lO em sacrifício quantas vezes quisermos. Então que este augustíssimo sacrifício faça parar a maré dos pecados e desacatos que se cometem nos lugares onde este Santíssimo Sacramento reside».
(cfr. T.J. Cam. 33, 2 e 3; 3, 8; 35, 3).





Ref.:

Intimità Divina. 









A.M.D.G.

quarta-feira, 23 de março de 2016

O HOMEM DAS DORES. Meditação sobre a quarta feira Santa.

O HOMEM DAS DORES

QUARTA-FEIRA SANTA


“Ó Jesus padecente, fazei que eu possa ler na Vossa Paixão o Vosso amor para comigo”

1 - A Missa de hoje contém duas lições de Isaías (62, 11; 63, 1-7; 53,1-12), que esboçam de forma impressionante a figura de Jesus, o Homem das dores. É Cristo paciente que Se apresenta ao nosso olhar coberto com a viva purpura do Seu Sangue e chagado da cabeça aos pés. «Porque é, pois, vermelho, o teu vestido e as tuas roupas como as dos que pisam num lagar? - Eu pisei sozinho no lagar e nenhum homem dentre os povos estava comigo». Jesus pisou sozinho o lagar da Sua Paixão. Pensemos na agonia no horto, quando a veemência da dor empurpurou todos os Seus membros com um suor de sangue. Recordemos o momento em que Pilatos, depois de O ter mandado açoitar, O apresentou à multidão, dizendo: «Eis o homem».

Jesus apareceu então com a cabeça coroada de espinhos e as carnes dilaceradas pelos açoites; o encarnado vivo do Seu Sangue confundia-se com o vermelho do manto de púrpura, com que O tinham vestido os soldados para fazerem dEle um Rei de comédia.

Enquanto Cristo Se entregava pelos homens derramando o Sangue pela sua salvação, eles abandonavam-nO:

«Eu olhei em roda e não houve quem me acudisse; busquei e não houve quem me ajudasse».
Onde estão os doentes por Ele curados, os cegos que ao contato das Suas mãos recuperaram a vista, os mortos ressuscitados, os milhares de pessoas saciadas por Ele com o pão do milagre, todos quantos experimentaram de mil maneiras a Sua bondade? Diante de Jesus vê-se uma multidão enfurecida a gritar: «Crucifige, crucifige!»
Mesmo os Apóstolos, os Seus mais íntimos, O abandonaram, e até um deles O traiu:

«Se me tivesse ultrajado um inimigo, eu o teria suportado... Mas eras tu, meu companheiro, meu amigo e meu familiar, com quem vivia em doce intimidade» (Sal. 54, 13-15).
A este texto que hoje, como em todas -as quartas-feiras do ano, se lê nos salmos de Tércía e que exprime tão bem a amargura de Jesus
em face da traição e do abandono dos Seus, corresponde este responsório de Matinas: «Em troca do meu amor combatem-me sem motivo. E retribuem o mal pelo bem e o ódio em troca do meu amor» (BR.).
Contemplando Jesus na Sua Paixão, cada um de nós pode exclamar: «dilexit me, et tradidit semetipsum pro me», amou-me e entregou-Se a Si mesmo por mim (Gal. 2, 20): e depois é bom perguntarmo-nos a nós mesmos: como correspondi ao Seu amor?


2 -Ninguém mais do que Jesus teria tido direito ao reconhecimento e à fidelidade dos homens, pois ninguém como Ele os beneficiou; todavia ninguém como Jesus saboreou a amargura da ingratidão e da traição.

Comparemos por um instante o prólogo do Evangelho de S. João em que Jesus nos é apresentado na Sua majestade divina, no Seu esplendor eterno de Verbo, de «luz verdadeira que veio iluminar o mundo», com a lição de Isaías (2ª lição da Missa), que nos descreve o estado de opróbrio e de ignomínia a que O reduziu a Sua Paixão, e compreenderemos mais profundamente duas grandes verdades: a imensa caridade com que Jesus nos amou e a enorme gravidade do pecado.

É dEle, do Filho de Deus, que está escrito:

«Não tem beleza nem esplendor; vimo-lO e não tinha aparência do que era e por isso não fizemos caso dele. Ele era desprezado e o último dos homens, um homem de dores... E o seu rosto estava encoberto».
Não tem esplendor, Ele que é o esplendor do Pai; procura esconder o rosto, Ele cuja face constitui a bem-aventurança dos anjos e dos santos; está tão desfigurado que parece um leproso, tão desprezado que «nenhum caso fizeram dEle». A este estado o reduziram os nossos pecados:

«Verdadeiramente Ele foi o que tomou sobre Si as nossas fraquezas e Ele mesmo carregou com as nossas dores [enfermidades e dores, consequência do pecado]... Ele foi ferido por causa elas nossas iniquidades, foi despedaçado por causa dos nossos crimes... O Senhor carregou sobre Ele a iniquidade de todos nós».

Mas também O pôs nesse estado o Seu amor por nós, amor que O fez abraçar livremente a Paixão e tendo-a abraçado «porque quis», não fugiu dos Seus inimigos, mas entregou-Se espontaneamente nas suas mãos.

Recordemos o momento em que Jesus, depois de ter lançado por terra, com o Seu poder divino, os soldados que vinham capturá-lO, e de ter afirmado que, se quisesse, podia dispor de legiões de anjos para Sua defesa, Se deixa prender e atar sem opor a menor resistência.

Recordemos ainda como, já prisioneiro e condenado, não hesita em dizer ao governador romano:

«Tu não terias poder algum sobre mim se te não fosse dado do alto». (Jo.19, 11).

Jesus é a vítima que vai espontaneamente para o sacrifício, a vítima que Se imola por amor e com plena liberdade. O máximo amor e a máxima liberdade porque são o amor e a liberdade de um Deus.





Mihály. Munkácsy. Christ before Pilate, 1881.




Colóquio:

«Em que estado Vos imagino, ó doce Jesus, ó bom, dulcíssimo e amantíssimo Jesus!

Martirizaram-Vos com múltiplas feridas de açoites e de pregos, coroaram-Vos de espinhos. Quantos são, ó bom Jesus, aqueles que Vos ferem! Fere-Vos o Vosso Pai que não Vos perdoou, mas Vos entregou como vítima por todos nós. Vós mesmo Vos feris, oferecendo a Vossa alma à morte, esta alma que ninguém Vos poderia arrancar se Vós não quisésseis. E fere-Vos além disso o discípulo que Vos traiu com um beijo. Ferem-Vos os judeus com pontapés e bofetadas e ferem-Vos os gentios com açoites e com pregos. Ah! quantas pessoas, quantas humilhações, quantos verdugos!

«E quantos são os Vossos traidores! O Pai celestial entregou-Vos por todos nós; e Vós mesmo Vos entregastes, como S. Paulo jubilosamente canta: 'Amou-me e entregou-Se a Si mesmo por mim'.
«A
troca é verdadeiramente maravilhosa. Entregou-Se a Si mesmo o Senhor pelo servo, Deus pelo homem, o Criador pela criatura, o Inocente pelo pecador. E Vós entregastes-Vos nas mãos daquele traidor, do falso discípulo. O traidor entregou-Vos aos judeus.
Os maus judeus entregaram-Vos aos gentios para serdes escarnecido, cuspido, flagelado, crucificado. Tínheis dito e predito estas coisas: já se cumpriram. E consumadas todas elas, eis que Vos crucificaram e puseram entre malfeitores. Bastava que Vos tivessem ferido! Mas acrescentaram outras maldades à dor das Vossas chagas e deram-Vos [a Vós, abrasado pela
sede] vinho e mirra misturados com fel.

«Eu choro por Vós, meu Rei, Senhor e Mestre, meu
Pai e Irmão, Jesus amantíssimo»
(S. Boaventura).





Ref:
Intimità Divina. 

segunda-feira, 21 de março de 2016

Semana Santa


Salve Maria!

Ontem (domingo), celebramos o Domingo de Ramos, acontecimento que dá início a Semana Santa. A Semana Santa é uma tradição religiosa do Cristianismo que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo. 


QUARESMA

Chama-se  Quaresma os 40 dias  de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa.  Essa preparação existe  desde o tempo dos Apóstolos, que limitaram sua duração a 40 dias , em memória do jejum de Jesus  Cristo no deserto. Durante esse tempo a  Igreja  veste seus  ministros com paramentos de cor roxa e suprime os cânticos de alegria: O "Glória",  o "Aleluia" e o "Te Deum".

Nesse  tempo santo, convém:


 a) fazer penitência, observando a lei do jejum. 
 b) ouvir com freqüência a  Palavra de Deus. 
 c) preparar-se por uma boa confissão para comunhão pascal.



DOMINGO DE RAMOS

Com o Domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa. Para ela nos preparamos ao longo dos quarenta dias da quaresma. O Domingo de Ramos abre por excelência a Semana Santa. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava "Rei dos Judeus", "Hosana ao Filho de Davi", "Salve o Messias"... E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte, e morte de cruz.


PAIXÃO E MORTE DE NOSSO SENHOR

Na Segunda feira santa(hoje), se recorda a prisão de Jesus Cristo. Na Terça feira santa são celebradas as Sete dores de Nossa Senhora Virgem Maria. É muito comum também por ser o dia de penitência no qual os cristãos cumprem promessas de vários tipos ou o dia da memória do encontro de Jesus e Maria no caminho do Calvário. Na Quarta feira santa, celebra-se a piedosa procissão do encontro de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores. Ainda há igrejas que neste dia celebram o Ofício das Trevas, lembrando que o mundo já está em trevas devido à proximidade da morte de Jesus. Na Quinta feira santa, pela manhã, nas catedrais das dioceses, o bispo se reúne com o seu clero para celebrar a Celebração do Crisma, na qual são abençoados os santos óleos que serão usados na administração dos sacramentos do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos. Com essa celebração se encerra a Quaresma. Neste mesmo dia, à noite, são relembrados os três gestos de Jesus durante a Última Ceia: a Instituição da Eucaristia, o exemplo do Lava-pés, com a instituição de um novo mandamento segundo algumas denominações cristãs, e a instituição do sacerdócio. É neste momento que Judas Iscariotes sai para entregar Jesus por trinta moedas de prata. E é nesta noite em que Jesus é preso, interrogado e, no amanhecer da sexta-feira, açoitado e condenado. Na Sexta feira santa a Igreja recorda a morte de Jesus.


RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

O Domingo de Páscoa recorda a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como o predissera, ressurgiu dos mortos ao terceiro dia, provando assim sua divindade e a verdade da doutrina que ensinou.
Aproveitemos o tempo que nos é concedido viver nesta terra, para que possamos cumprir todos os preceitos do Senhor. Com muito empenho, fujamos das más inclinações e peçamos a Deus forças para podermos proporcionar frutos da mais digna penitência e sincera conversão.

Rafael Sanzio(1499-1502)



Aquele que venceu a morte. Está vivo. Ressuscitou.




Fontes:
http://almasdevotas.blogspot.com.br/2012/02/os-tres-domingos-consecutivos-da.html
http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cartas&subsecao=outros&artigo=20040712133118&lang=bra
http://www.catequisar.com.br/texto/materia/celebracoes/quaresma/04.htm
http://cpan.sites.ufms.br/wp-content/blogs.dir/125/files/2014/01/103176semana_santa.pdf
https://padrepauloricardo.org/cursos/triduo-pascal


sábado, 19 de março de 2016

19 de março: Dia de São José, pai adotivo de Nosso Senhor


Salve Maria!

É com muita alegria que hoje comemoramos o dia de São José, pai adotivo de Nosso Senhor e esposo da Virgem Maria. São José é modelo de pai e esposo por seu testemunho de fé e amor.


A vida de São José

Tudo o que sabemos sobre o Glorioso São José é o que nos conta a Sagrada Escritura: que era um homem justo, temente a Deus e aceitou dar sua vida para criar e educar um filho que não era seu (afinal Jesus era filho de Deus). A Escritura Sagrada diz que era carpinteiro (Mt13,55) e pobre, embora sendo pobre, José era de linhagem real, da descendência do rei Davi (Mt1,1-16 e Lc3,23-28). Com a idade de mais ou menos 30 anos foi convocado pelos sacerdotes do templo, com outros solteiros da tribo de David, para se casar. Quando chegaram ao templo, os sacerdotes colocaram sobre cada um dos pretendentes um ramo e comunicaram que a Virgem Maria de Nazaré se casaria com aquele em que o ramo se desenvolvesse e começasse a germinar.






São José: Chefe da Sagrada Família, exemplo para as famílias




São José é o modelo de pai e chefe de família que todos os maridos devem imitar, a Sagrada Família é o modelo de família que todos nós devemos perseguir. O lar de Nazaré era um lar sem luxo, mas um lar cheio de amor, de doçura e de doação recíproca. José foi o pai terreno de Jesus e como tal teve que providenciar às necessidade da familia, tutelar e crescer o seu filho adotivo, sempre pronto a satisfazer os desejos de Deus. No livrinho Mês de São José, há uma meditação que traz o seguinte texto falando sobre como São José era afetuoso:
"Como se haviam de amar todos na pequena casa de Nazaré! Meu Deus, que quadro encantador se apresenta a minhas vistas! Maria procurando tudo o que pode ser agradável a Jesus; Jesus como adivinhando tudo o que contentaria à Virgem Maria; São José fazendo tudo o que está em suas forças para que ninguém sofra! Ó delicioso interior, que nos seria tão fácil reproduzir entre nós! Que faremos da nossa faculdade de amar, se não a empregarmos em concorrer para a felicidade daqueles que nos cercam!?"


São José: Modelo de fé e homem



A fidelidade é um dos aspectos que precisamos destacar de São José. Fidelidade a Deus, à sua identidade e à sua missão de ser o chefe da Sagrada Família, com tudo o que isto implica. São José enfrentou as dificuldades, medos e inseguranças que naturalmente experimentava, confiando que se Deus o chamou, daria toda a força necessária para levar adiante essa missão. Essa união e confiança plena em Deus foi o que o permitiu ser fiel. A fidelidade de São José ao Plano de Deus é modelo para todos aqueles que desejam responder com generosidade e fidelidade ao que Deus propõe como caminho de felicidade. 

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), a primeira doutora da Igreja, a reformadora do Carmelo, disse: “Quem não achar mestre que lhe ensine a orar, tome São José por mestre e não errará o caminho”. E declarava que em todas as suas festas lhe fazia um pedido e que nunca deixou de ser atendida. Ensinava ainda que cada santo nos socorre em uma determinada necessidade, mas que São José nos socorre em todas. 
O grande doutor da Igreja Santo Agostinho compara os outros santos às estrelas, e São José ele o compara ao Sol. A esse grande santo Deus confiou Suas riquezas: Jesus e a Virgem Maria. Por isso, o Papa Pio IX, em 1870,  declarou São José Padroeiro da Igreja Universal com o decreto “Quemadmodum Deus”. Leão XIII, na Encíclica “Quanquam Pluries”, propôs que ele fosse tido como “advogado dos lares cristãos”. Pio XII o declarou como “exemplo para todos os trabalhadores” e fixou o dia 1º de maio como festa ao José Trabalhador. 
Papa Emérito Bento XVI: “O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou”. 
Assim, é da relação de José com Maria e com Jesus que nasce a sua relação com a Igreja. Nós podemos confiar em São José, pois ele continua desempenhando a sua missão de cuidar e proteger o corpo de Cristo que é a Igreja, por isso ele é o patrono da Igreja Universal.


Vídeo do Padre Paulo Ricardo sobre Josefologia (teologia de São José). "Nos últimos séculos, a religiosidade popular e o ensinamento dos Papas têm reconhecido cada vez mais a importância de São José na vida da Igreja. Como podemos explicar este fenômeno?"




Sobre a morte de São José

A morte de São José se deu antes da vida pública de Jesus. Ele é considerado o padroeiro dos moribundos e da boa morte, porque morreu sendo assistido por Jesus e Maria.


Ladainha do Glorioso São José


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus,
tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai por nós.
São José,
Ilustre filho de David,
Luz dos Patriarcas,
Esposo da Mãe de Deus,
Casto guarda da Virgem,
Sustentador do Filho de Deus,
Zeloso defensor de Jesus Cristo,
Chefe da Sagrada Família,
José justíssimo,
José castíssimo,
José prudentíssimo,
José fortíssimo,
José obedientíssimo,
José fidelíssimo,
Espelho de paciência,
Amante da pobreza,
Modelo dos operários,
Honra da vida de família,
Guarda das Virgens,
Sustentáculo das famílias,
Alívio dos miseráveis,
Esperança dos doentes,
Patrono dos moribundos,
Terror dos demônios,
Protetor da Santa Igreja,
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós.
V. Ele constituiu-o Senhor da Sua casa,
R. E fê-lo príncipe de todos os Seus bens.Oremos.
Ó Deus, que por inefável Providência Vos dignastes escolher a S. José por esposo da Vossa Mãe Santíssima; concedei-nos, Vos pedimos, que mereçamos ter por intercessor no céu, o que veneramos na terra como protetor. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos.
Amém.


Viva ao Glorioso São José!!! 





Fontes: 
http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=oracoes&subsecao=ladainhas&artigo=ladainha_sao_jose&lang=bra
http://www.mulhercatolica.com/2014/03/a-santidade-e-pureza-virginal-de-sao-jose.html
http://digilander.libero.it/monast/giuseppe/porto/pterr.htm
https://padrepauloricardo.org/episodios/o-glorioso-sao-jose
http://www.gloriososaojose.org.br/
http://josefologia.blogspot.com.br/



quarta-feira, 16 de março de 2016

O uso do piedoso véu


Salve Maria!

São muitas as dúvidas a cerca do uso do véu na Santa Missa, hoje vamos esclarecer o que a igreja católica nos diz nos dias atuais sobre essa prática e tirar algumas dúvidas a cerca do tema.


 O QUE A IGREJA CATÓLICA NOS DIZ

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus.” (§1670). O uso do sacramental não é essencial, portanto, à salvação, mas um auxílio, sendo assim o uso do véu pode ser considerado um sacramental. O uso do véu na Santa Missa vem desde o inicio do cristianismo no Oriente. Alem de ser um preceito bíblico se preservou na Igreja de Cristo por milênios. E ainda é seguido por grupos católicos. Antes do Concílio Vaticano II o uso do véu era obrigatório ( ao menos no momento da consagração e comunhão) em toda Santa Missa, após o CVII perdeu-se o costume do uso do véu, talvez por falta de incentivo ou pela diminuição da piedade, com o passar dos anos. Depois disso o Código de direito canônico (CDC) reformado afirma que a moça ou senhora pode ou não usar o véu na Santa Missa. Sendo assim não foi retirado o costume, as moças e senhoras que assim desejarem podem ainda fazer uso deste belo costume. Na maioria das representações da Virgem Maria, ela está de véu, com isso o uso do véu pelas mulheres é uma forma de imitação a Nossa Senhora, nosso modelo de modéstia e pudor. 
Em I Cor 11, 4-13, diz: "Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta falta ao respeito ao seu senhor. E toda mulher que ora ou profetiza, não tendo coberta a cabeça, falta ao respeito ao seu senhor, porque é como se estivesse rapada. Se uma mulher não se cobre com um véu, então corte o cabelo. Ora, se é vergonhoso para a mulher ter os cabelos cortados ou a cabeça rapada, então que se cubra com um véu. Quanto ao homem, não deve cobrir sua cabeça, porque é imagem e esplendor de Deus; a mulher é o reflexo do homem. Com efeito, o homem não foi tirado da mulher, mas a mulher do homem; nem foi o homem criado para a mulher, mas sim a mulher para o homem. Por isso a mulher deve trazer o sinal da submissão sobre sua cabeça, por causa dos anjos. Com tudo isso, aos olhos do Senhor, nem o homem existe sem a mulher, nem a mulher sem o homem. Pois a mulher foi tirada do homem, porém o homem nasce da mulher, e ambos vêm de Deus. Julgai vós mesmos: é decente que uma mulher reze a Deus sem estar coberta com véu?"


Ainda existem piedosas moças em todo mundo que utilizam o véu. Além de ser um lindo costume é extremamente relevante para manter a modéstia diante do Senhor e necessário também no momento da confissão.


PORQUE USAR O VÉU

Em antigas tradições, o “véu” representava pureza e modéstia em várias religiões e culturas. Um véu é tanto um símbolo como um místico sacrifício que convida a mulher a subir a escada da santidade. Quando uma mulher cobre sua cabeça na Igreja Católica, simboliza sua dignidade e humildade diante de Deus, não dos homens. O objetivo do uso do véu é nos esconder e evidenciar somente a Nosso Senhor.



COMO ME VESTIR PARA IR À SANTA MISSA?

É importante que juntamente com o véu, a mulher se vista com modéstia e pudor, procurando usar sempre saias e vestidos e estes sempre cobrindo os joelhos, de forma que quando você estiver sentada, eles continuem cobertos, e que cubram os ombros.
O Catecismo da Igreja Católica (n. 1387) afirma, sobre o momento da Sagrada Comunhão: "A atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede."


SOBRE AS CORES DO VÉU

Segundo a tradição católica, recomenda-se que se faça o uso do véu e que este seja de renda, sendo branco para as solteiras, em sinal de pureza. E as casadas recomenda-se que usem o véu preto. Seguem algumas imagens de véus abaixo:

Para as solteiras:


Para as casadas e viúvas:


O Padre Paulo Ricardo em seu programa "Resposta Católica" esclarece algumas dúvidas sobre o uso do véu no vídeo a seguir:



ORAÇÃO AO VESTIR O VÉU

Divino Espírito Santo, hóspede da minha alma, convencida de que a minha verdadeira vida está escondida com Cristo em Deus Pai, visto este véu na minha cabeça na esperança não de aparecer, mas de desaparecer, não para atrair a atenção sobre a minha pessoa mas, para esconder-me na imitação de Maria Santíssima. Que todos olhem para Vós Deus Pai, Filho e Espírito Santo, Amém. (Um monge sacerdote)



"Tudo que é sagrado a Igreja cobre com um véu."(Padre Paulo Ricardo).




Fontes:
http://velatam.blogspot.com.br/2009/04/como-se-vestir-para-ir-santa-missa.html
http://comosercristacatolica.blogspot.com.br/2014/01/perguntas-e-respostas-sobre-o-uso-do-veu.html
http://www.montfort.org.br/uso-do-veu/
http://floresdamodestia.blogspot.com.br/2013/01/o-piedoso-uso-do-veu.html
https://padrepauloricardo.org/episodios/e-permitido-o-uso-do-veu-na-igreja