†O
HOMEM DAS DORES†
QUARTA-FEIRA SANTA
QUARTA-FEIRA SANTA
“Ó Jesus padecente, fazei que eu possa ler na Vossa Paixão o Vosso amor para comigo”
1 - A
Missa de hoje contém duas lições de Isaías (62, 11; 63, 1-7; 53,1-12), que esboçam de forma impressionante
a figura de Jesus, o Homem das dores. É Cristo paciente que Se apresenta ao
nosso olhar coberto com a viva purpura do Seu Sangue e chagado da cabeça aos
pés. «Porque
é, pois, vermelho, o teu vestido e as tuas roupas como as dos que pisam num
lagar? - Eu pisei sozinho no lagar e nenhum homem dentre os povos estava
comigo». Jesus pisou sozinho o lagar da Sua Paixão. Pensemos na agonia
no horto, quando a veemência da dor empurpurou todos os Seus membros com um
suor de sangue. Recordemos o momento em que Pilatos, depois de O ter mandado
açoitar, O apresentou à
multidão, dizendo: «Eis o homem».
Jesus apareceu então com a cabeça coroada de espinhos e as carnes dilaceradas pelos açoites; o encarnado vivo do Seu Sangue confundia-se com o vermelho do manto de púrpura, com que O tinham vestido os soldados para fazerem dEle um Rei de comédia.
Enquanto Cristo Se entregava pelos homens derramando o Sangue pela sua salvação, eles abandonavam-nO:
«Eu olhei em roda e não houve quem me acudisse; busquei e não houve quem me ajudasse».
Onde estão os doentes por Ele curados, os cegos que ao contato das Suas mãos recuperaram a vista, os mortos ressuscitados, os milhares de pessoas saciadas por Ele com o pão do milagre, todos quantos experimentaram de mil maneiras a Sua bondade? Diante de Jesus vê-se uma multidão enfurecida a gritar: «Crucifige, crucifige!»
Mesmo os Apóstolos, os Seus mais íntimos, O abandonaram, e até um deles O traiu:
«Se me tivesse ultrajado um inimigo, eu o teria suportado... Mas eras tu, meu companheiro, meu amigo e meu familiar, com quem vivia em doce intimidade» (Sal. 54, 13-15).
A este texto que hoje, como em todas -as quartas-feiras do ano, se lê nos salmos de Tércía e que exprime tão bem a amargura de Jesus
em face da traição e do abandono dos Seus, corresponde este responsório de Matinas: «Em troca do meu amor combatem-me sem motivo. E retribuem o mal pelo bem e o ódio em troca do meu amor» (BR.).
Jesus apareceu então com a cabeça coroada de espinhos e as carnes dilaceradas pelos açoites; o encarnado vivo do Seu Sangue confundia-se com o vermelho do manto de púrpura, com que O tinham vestido os soldados para fazerem dEle um Rei de comédia.
Enquanto Cristo Se entregava pelos homens derramando o Sangue pela sua salvação, eles abandonavam-nO:
«Eu olhei em roda e não houve quem me acudisse; busquei e não houve quem me ajudasse».
Onde estão os doentes por Ele curados, os cegos que ao contato das Suas mãos recuperaram a vista, os mortos ressuscitados, os milhares de pessoas saciadas por Ele com o pão do milagre, todos quantos experimentaram de mil maneiras a Sua bondade? Diante de Jesus vê-se uma multidão enfurecida a gritar: «Crucifige, crucifige!»
Mesmo os Apóstolos, os Seus mais íntimos, O abandonaram, e até um deles O traiu:
«Se me tivesse ultrajado um inimigo, eu o teria suportado... Mas eras tu, meu companheiro, meu amigo e meu familiar, com quem vivia em doce intimidade» (Sal. 54, 13-15).
A este texto que hoje, como em todas -as quartas-feiras do ano, se lê nos salmos de Tércía e que exprime tão bem a amargura de Jesus
em face da traição e do abandono dos Seus, corresponde este responsório de Matinas: «Em troca do meu amor combatem-me sem motivo. E retribuem o mal pelo bem e o ódio em troca do meu amor» (BR.).
Contemplando
Jesus na Sua Paixão, cada um de nós pode exclamar: «dilexit me, et tradidit
semetipsum pro me», amou-me e entregou-Se a Si mesmo por mim (Gal. 2,
20): e depois é bom perguntarmo-nos a nós mesmos: como correspondi ao Seu amor?
2 -Ninguém mais do que Jesus teria tido direito ao reconhecimento e à fidelidade dos homens, pois ninguém como Ele os beneficiou; todavia ninguém como Jesus saboreou a amargura da ingratidão e da traição.
Comparemos por um instante o prólogo do Evangelho de S. João em que Jesus nos é apresentado na Sua majestade divina, no Seu esplendor eterno de Verbo, de «luz verdadeira que veio iluminar o mundo», com a lição de Isaías (2ª lição da Missa), que nos descreve o estado de opróbrio e de ignomínia a que O reduziu a Sua Paixão, e compreenderemos mais profundamente duas grandes verdades: a imensa caridade com que Jesus nos amou e a enorme gravidade do pecado.
É dEle, do Filho de Deus, que está escrito:
«Não tem beleza nem esplendor; vimo-lO e não tinha aparência do que era e por isso não fizemos caso dele. Ele era desprezado e o último dos homens, um homem de dores... E o seu rosto estava encoberto».
Não tem
esplendor, Ele que é o esplendor do Pai; procura esconder o rosto, Ele cuja
face constitui a bem-aventurança dos anjos e dos santos; está tão desfigurado
que parece um leproso, tão desprezado que «nenhum caso fizeram dEle». A este
estado o reduziram os nossos pecados:
«Verdadeiramente Ele
foi o que tomou sobre Si as nossas fraquezas e Ele mesmo carregou com as
nossas dores [enfermidades e dores, consequência do pecado]... Ele foi ferido
por causa elas nossas iniquidades, foi despedaçado por causa dos nossos
crimes... O Senhor carregou sobre Ele a iniquidade de todos nós».Mas também O pôs nesse estado o Seu amor por nós, amor que O fez abraçar livremente a Paixão e tendo-a abraçado «porque quis», não fugiu dos Seus inimigos, mas entregou-Se espontaneamente nas suas mãos.
Recordemos o momento em que Jesus, depois de ter lançado por terra, com o Seu poder divino, os soldados que vinham capturá-lO, e de ter afirmado que, se quisesse, podia dispor de legiões de anjos para Sua defesa, Se deixa prender e atar sem opor a menor resistência.
Recordemos ainda como, já prisioneiro e condenado, não hesita em dizer ao governador romano:
«Tu não terias poder algum sobre mim se te não fosse dado do alto». (Jo.19, 11).
Jesus é a vítima que vai espontaneamente para o sacrifício, a vítima que Se imola por amor e com plena liberdade. O máximo amor e a máxima liberdade porque são o amor e a liberdade de um Deus.
Mihály. Munkácsy. Christ before Pilate, 1881. |
Colóquio:
«Em que estado Vos imagino, ó doce Jesus, ó bom, dulcíssimo e amantíssimo Jesus!
Martirizaram-Vos com múltiplas feridas de açoites e de pregos, coroaram-Vos de espinhos. Quantos são, ó bom Jesus, aqueles que Vos ferem! Fere-Vos o Vosso Pai que não Vos perdoou, mas Vos entregou como vítima por todos nós. Vós mesmo Vos feris, oferecendo a Vossa alma à morte, esta alma que ninguém Vos poderia arrancar se Vós não quisésseis. E fere-Vos além disso o discípulo que Vos traiu com um beijo. Ferem-Vos os judeus com pontapés e bofetadas e ferem-Vos os gentios com açoites e com pregos. Ah! quantas pessoas, quantas humilhações, quantos verdugos!
«E quantos são os Vossos traidores! O Pai celestial entregou-Vos por todos nós; e Vós mesmo Vos entregastes, como S. Paulo jubilosamente canta: 'Amou-me e entregou-Se a Si mesmo por mim'.
«A troca é verdadeiramente maravilhosa. Entregou-Se a Si mesmo o Senhor pelo servo, Deus pelo homem, o Criador pela criatura, o Inocente pelo pecador. E Vós entregastes-Vos nas mãos daquele traidor, do falso discípulo. O traidor entregou-Vos aos judeus.
Os maus judeus entregaram-Vos aos gentios para serdes escarnecido, cuspido, flagelado, crucificado. Tínheis dito e predito estas coisas: já se cumpriram. E consumadas todas elas, eis que Vos crucificaram e puseram entre malfeitores. Bastava que Vos tivessem ferido! Mas acrescentaram outras maldades à dor das Vossas chagas e deram-Vos [a Vós, abrasado pela
sede] vinho e mirra misturados com fel.
«Eu choro por Vós, meu Rei, Senhor e Mestre, meu
Pai e Irmão, Jesus amantíssimo»
(S. Boaventura).
«Em que estado Vos imagino, ó doce Jesus, ó bom, dulcíssimo e amantíssimo Jesus!
Martirizaram-Vos com múltiplas feridas de açoites e de pregos, coroaram-Vos de espinhos. Quantos são, ó bom Jesus, aqueles que Vos ferem! Fere-Vos o Vosso Pai que não Vos perdoou, mas Vos entregou como vítima por todos nós. Vós mesmo Vos feris, oferecendo a Vossa alma à morte, esta alma que ninguém Vos poderia arrancar se Vós não quisésseis. E fere-Vos além disso o discípulo que Vos traiu com um beijo. Ferem-Vos os judeus com pontapés e bofetadas e ferem-Vos os gentios com açoites e com pregos. Ah! quantas pessoas, quantas humilhações, quantos verdugos!
«E quantos são os Vossos traidores! O Pai celestial entregou-Vos por todos nós; e Vós mesmo Vos entregastes, como S. Paulo jubilosamente canta: 'Amou-me e entregou-Se a Si mesmo por mim'.
«A troca é verdadeiramente maravilhosa. Entregou-Se a Si mesmo o Senhor pelo servo, Deus pelo homem, o Criador pela criatura, o Inocente pelo pecador. E Vós entregastes-Vos nas mãos daquele traidor, do falso discípulo. O traidor entregou-Vos aos judeus.
Os maus judeus entregaram-Vos aos gentios para serdes escarnecido, cuspido, flagelado, crucificado. Tínheis dito e predito estas coisas: já se cumpriram. E consumadas todas elas, eis que Vos crucificaram e puseram entre malfeitores. Bastava que Vos tivessem ferido! Mas acrescentaram outras maldades à dor das Vossas chagas e deram-Vos [a Vós, abrasado pela
sede] vinho e mirra misturados com fel.
«Eu choro por Vós, meu Rei, Senhor e Mestre, meu
Pai e Irmão, Jesus amantíssimo»
(S. Boaventura).
Ref:
Intimità Divina. GABRIELE DI S. MARIA MADDALENA, PADRE
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